A adenoide (aumento da tonsila faríngea) e a rinite alérgica são doenças comuns e de ocorrência frequente em crianças. Ambas podem existir simultaneamente e podem causar sintomas clínicos semelhantes.
As tonsilas faríngeas são estruturas de tecido linfoide localizados na nasofaringe. Junto com as amígdalas ou tonsilas palatinas fazem parte do Anel Linfático de Waldeyer que é o mecanismo de defesa fisiologicamente natural do corpo contra alérgenos e microorganismos inalados.
As tonsilas faríngeas são formadas já no sétimo mês de vida intra-uterina. Em todas as crianças, o volume da tonsila faríngea aumenta com a idade, com um volume máximo na faixa etária de 5-6 anos, seguida por uma diminuição gradual do volume aos 8-9 anos de idade. Essa hiperplasia fisiológica e natural acompanha o processo de maturação linfoide da criança, e há uma involução fisiológica desses tecidos após a puberdade. Elas também hipertrofiam em resposta a antígenos tais como vírus, bactérias e irritantes ambientais. Esse aumento geralmente resulta em obstrução mecânica e/ou funcional da região posterior da cavidade nasal e em estase das secreções nasossinusais ocasionando quadros de inflamação crônica e adenoidites.
Os principais sinais e sintomas das adenoidites incluem rinorreia, por vezes, purulenta, obstrução nasal, febre, roncos e obstrução das vias aéreas de início súbito. A tosse também é um sintoma frequente nas crianças.
Dependendo do volume das adenoides, estas podem obstruir a tuba auditiva e levar a quadros de otite média.
A obstrução nasal causada pela adenoide leva à respiração oral. A literatura traz uma relação clara entre respiração oral e distúrbio respiratório do sono.
Crianças com obstrução nasal crônica e adenoide apresentam uma série de sintomas referidos na literatura como fácies adenoidiana ou síndrome da face longa. A síndrome do respirador oral, ocorre devido adaptações funcionais com a mudança do padrão respiratório de nasal para oral, acarretando desvio do padrão de crescimento dento-craniofacial e repercussões sistêmicas. Na tentativa de aumentar o espaço para a passagem de ar, a língua é deslocada para baixo e para frente, empurrando os dentes anteriormente e o céu da boca pra cima, causando o palato em ogiva e a profusão dos dentes incisivos centrais.
A obstrução nasal decorrente da adenoide também causa redução da oxigenação durante o sono, levando a problemas no desenvolvimento da criança como hiperatividade, queda do rendimento escolar, problemas comportamentais como dificuldade de concentração, irritabilidade, sonolência diurna e voz anasalada.
O diagnóstico de adenoide é realizado por meio da história clínica e complementado com o raio -x de cavum (Fig.1) e nasofibrofaringoscopia flexível. Dessa maneira, é possível avaliar o tamanho da adenoide, se a mesma obstrui a tuba auditiva e a presença de outras alterações na cavidade nasal que também podem gerar obstrução nasal como desvio de septo e presença de sinais de rinite alérgica.
Fig 1. Rx de Cavum com adenoides.
O tratamento de escolha para a adenoide é a cirurgia. A adenoidectomia com ou sem amigdalectomia é um dos procedimentos cirúrgicos mais comumente executados na população pediátrica.
A adenoidectomia apresenta baixas taxas de complicações, que são restritas a sangramento imediato, nas primeiras 6 horas do pós-operatório, e pode ser programada para hospital-dia.
Bibliografia:
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