Epistaxe é o nome dado para o sangramento proveniente do nariz. Em alguns períodos do ano, como o inverno ou quando o tempo fica seco, torna-se uma queixa bastante comum em serviços de emergência. Uma das principais faixas etárias afetadas são as crianças entre 2 e 8 anos de idade.
Aproximadamente 90% dos sangramentos surgem na parte anterior do nariz, onde existe a confluência de vasos denominada, plexo de Kiesselbach, localizado na área de Little. Nessa região os vasos são menos calibrosos que os vasos da região posterior da cavidade nasal, e portanto, são, na maioria das vezes, causadoras de epistaxe auto-limitadas.
Os fatores locais que levam à epistaxe anterior com maior frequência são: trauma local, principalmente devido manipulação digital, infecções de vias aéreas superiores, inalação de ar frio e seco, quadros alérgicos nasais, introdução de corpos estranhos na fossa nasal, inalação de irritantes químicos e desvio septal. Elas ocasionam alteração do fluxo aéreo nasal, com ressecamento da mucosa e formação de crostas, propiciando os sangramentos.
Algumas doenças sistêmicas que cursam com disfunção plaquetária ou de coagulação são consideradas facilitadoras do sangramento nasal. Existe uma grande variedade desses distúrbios, incluindo doenças hematológicas genéticas e adquiridas, neoplasias hematológicas, doença hepática ou renal e efeitos adversos de medicações.
Existem ainda, alguns tumores benignos nasossinusais que tem como primeira manifestação clínica, a epistaxe. Portanto, deve-se sempre avaliar, em conjunto com o especialista, a frequência dos eventos, lateralidade, intensidade e persistência. Diante da alteração de alguns desses, pode-se lançar mão de exames complementares para investigação.
O tratamento imediato pode ser iniciado em casa com compressão digital com a cabeça fletida em direção ao chão e compressa de gelo. A maioria das epistaxes serão solucionadas com a correta hidratação da mucosa nasal e tratamento da causa base. Algumas outras opções podem ser necessárias, a depender de cada caso, como: cauterização química ou elétrica e o tamponamento nasal. Em casos raros ou na presença de tumores podem ser necessários outros procedimentos, como a eletrocoagulação guiada por endoscópio nasal, embolização ou ligadura arterial.
Referências:
1) John M. Graham, Glenis K. Scadding, Peter D. Bull. Pediatric ENT, 2007.
2) I. Pignatari, Shirley Shizue Nagata. II. Anselmo-Lima, Wilma Terezinha. Tratado de Otorrinolaringologia 3ed, 2017.